segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Ameixa-da-caatinga


...seu fruto é altamente doce na polpa logo abaixo da casca mas, muito azedo na polpa próximo ao caroço. É uma semente altamente fértil. Ultimamente tem sido ameaçado pelo desmatamento e por falta de conhecimento. A casca da madeira é usada como desinflamatório interno e externo do corpo.
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Foi-se o tempo em que a Caatinga era considerada um deserto ermo, infértil, isento de vida e de beleza. Qualquer pessoa que ouse bater os pés contra os seus solos secos, enfrentando com curiosidade e coragem o ar empoeirado do semi-árido nordestino, ali encontrará uma das regiões de maior diversidade de flora e fauna existentes.
Árvores interessantíssimas como o juazeiro e o umbuzeiro, além de inúmeras Cactáceas – como a palma, o xiquexique, o mandacaru, o jacheiro, entre tantas outras – são apenas alguns exemplos dessa diversidade. Armazenando a água em suas gordas folhas ou nas raízes tuberosas, essas plantas são responsáveis pela manutenção do verde e das poucas cores da paisagem do agreste.
Dentre as espécies típicas do bioma da Caatinga, distingui-se com graça a ameixa-da-caatinga, também conhecida como ameixa-de-espinho.
Apesar de estar presente em todo o sertão nordestino, não sendo restrita à zona delimitada pelo Raso da Catarina, ali ela é mais abundante do que em qualquer lugar em que costuma ser encontrada.
Abundante, entretanto, é modo de dizer, pois até no Raso a ameixa-da-caatinga já pode ser considerada à beira da extinção.
Em meio a espinhos grandes e fortes, espalhados pelos galhos finos do arbusto que chega a atingir os 3 m de altura, escondem-se as ameixas-da-caatinga, bem defendidas contra aqueles que as queiram consumir ou destruir. Têm o que defender, afinal! Trata-se de um fruto adocicado, amarelo, de sabor acidamente agradável, e polpa suculenta que encerra uma única amêndoa branca como semente. Um bom alimento para os sertanejos que ali vivem, sobrevivendo tenazmente à habitual falta de água.
Do vasto espaço originalmente classificado como Caatinga, hoje apenas 2% encontram-se protegidos legalmente. Uma das áreas de proteção ali existentes é a Reserva Ecológica do Raso da Catarina, criada em 1984, com 100 mil hectares preservados. Entretanto, apesar do controle e da fiscalização, boa parte da riqueza natural da região tem sido perdida pela ocorrência de queimadas e pela presença de caçadores ilegais.
Como vítima desse processo, não figuram apenas as plantas como a ameixa-da-caatinga. Sob sério risco de extinção, encontra-se um dos mais graciosos consumidores dessa frutinha: a arara azul de lear (Anodorhynchus leari), um pássaro altamente prezado, nativo e restrito daquela região, também conhecido como ararinha azul. Sua população, que já chegou à assustadoramente pequena quantidade de 60 indivíduos, hoje em dia, graças ao esforço de pesquisadores envolvidos em um importante projeto de preservação, já ultrapassa as 300 aves.
Da mesma maneira, resta-nos lutar pela preservação da ameixa-da-caatinga e de tantas outras plantas da Caatinga que sequer conhecemos, antes que se acabem. Estas, embora nunca tenham chegado a viver situação tão drástica quanto à da ararinha azul, certamente merecem receber proteção e cuidados semelhantes.
Fonte: Livro Frutas Brasil Frutas

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